Arquivo da categoria: Quem é Rodas

Você sabe quem é esse homem? Esse é João Grandino Rodas, o atual reitor da USP. Ele é o foco da maioria de nossos problemas e reindivicações. Fica a cargo dessa seção expor melhor de quem se trata Rodas, o nome presente em uma das bandeiras de nosso movimento, e fica a cargo do leitor conhecer melhor quem é João Grandino Rodas, persona non grata.

FORA RODAS!

Conheça a face de João Grandino Rodas


João Grandino Rodas, magnífico reitor da USP e considerada persona non grata pela Faculdade de Direito São Francisco.

Algumas coisas que você não sabia sobre os “playboys”, “maconheiros” e “revolucionários” da USP

Considerando o fato de o assunto dos estudantes da USP estar sendo tão comentado na mídia, achei oportuno abrir essa discussão para apresentar os reais motivos de não se desejar a presença da Polícia Militar dentro da USP, como também, as revindicações dos alunos perante à administração da mesma.

 

Fato:

 

Reintegração de posse da Reitoria na terça-feira (negociação em andamento, com nova reunião marcada para quarta-feira entre estudantes e membros da comissão negociadora).

 

De um lado:

 

400 Policiais da Tropa de Choque

Equipe do Comando de Operações Especiais

30 Policiais da Cavalaria

50 Viaturas

2 Helicópteros

 

Do outro:

 

Algum exército nacional, grupo terrorista…?

 

Apenas 73 estudantes indefesos perante ao poderio militar presente, dormindo às 5 horas da manhã em uma Reitoria ocupada, mas totalmente aberta, que poderia ser tomada com um contingente pífio de policiais.

 

Suas armas? O pensamento, a contestação e a voz!

 

Resultado:

 

O que estamos vendo na mídia e nas rodas de conversas. Porém, já se perguntou: Existem tantos playboys assim na USP que se organizam revolucionariamente só para poderem fumar maconha?!

 

Seria bom contestarmos a quais interesses a mídia, como principal meio de divulgar os acontecimentos ao público externo, serve. Por que ridiculariza o Movimento Estudantil, simplifica-o em uma luta de classes – dos ditos estudantes “ricos” e privilegiados da USP – e de um mero desejo de uma “minoria” de se fumar maconha sem ser punida, encobrindo a verdadeira motivação da Causa, que é contra uma Ditadura institucionalizada na USP?

 

Ao contrário dos preceitos democráticos, temos um reitor não eleito democraticamente, inclusive sendo empossado por um decreto, utilizado nos anos sombrios da ditadura pelo Governo do Estado de São Paulo para garantir seu braço-direito na instituição.

 

O referido reitor, que anteriormente foi diretor da Faculdade de Direito São Franscisco sendo inclusive declarado persona non grata  pela Congregação da tal faculdade, é acusado de corrupção, mau uso do dinheiro público, improbidade administrativa entre outros crimes.

 

Além disso, pune administrativamente estudantes, funcionários e professores da maior universidade do país que se manifestem contrários ao seus planos de privatização do ensino público, baseado em Ato do Regime Militar de 30 anos atrás que ainda vigora na instituição, por agirem “contra a moral e os bons costumes”. A saber, foram registrados casos como o de “atentado ao pudor” por duas garotas lésbicas se beijarem em público na unidade da ECA, outros estudantes foram proibidos de panfletar, talvez por medo de uma possível subversão. Deste modo, vemos quão retrógrada é a mentalidade da instituição.

 

Aliás, uma das razões que os estudantes tiveram de usar panos na cabeça foi para evitar serem reconhecidos e punidos e não porque eles acham legal se vestirem assim ou por terem “vergonha” de se assumirem como “maconheiros”, como a grande mídia colocou!

 

Rodas tem fechado cursos para darem lugar a cursos pagos que ofereçam aos interesses de grandes Fundações e do mercado. Sucateando as salas de aulas dos “cursos formadores de professores” e que não têm interesse para ele e para os investidores. Como se não bastasse, ainda simplesmente rasgou uma norma de reposição imediata do corpo docente em caso de morte, aposentadoria ou quaisquer outros motivos, ou seja, um professor que sai não é mais necessariamente reposto. Desse modo, os cursos sofrem com falta de professores, pois o mesmo não abre concurso para contratação, o que interfere diretamente no rendimento dos professores e alunos.

 

A repressão é percebida nos inúmeros processos contra professores, funcionários e estudantes que se colocam contra o Sistema utilizando-se da retórica do medo, militarizando a universidade com a Polícia Militar sob desculpa de garantir a segurança do câmpus para fazer essa função fiscalizadora e punitiva! Privando a acadêmia da liberdade de pensamento e expressão.

 

 

Qual foi a resposta que o reitor e o Governo do Estado quiseram dar aos estudantes enviando um contigente tão grande e imponente sem precedentes na histótia desse país, não visto nem na Ditadura?

 

É necessário realizar uma verdadeira parada militar fora do 7 de setembro, os estudantes são tão perigosos assim?

Por que atacar moradores do CRUSP com bombas de gás e ainda impedí-los de sair de suas casas até às 8 da manhã?

Por que ocuparam o “bandejão”, fechando-o e impedindo seu funcionamento?

Por que os policiais estavam sem identificação?

Por que dias antes foram divulgadas fotos do interior da reitoria em ordem, inclusive com cestos de lixo improvisados pelos alunos para reciclagem dos materiais, e a polícia só permitiu a entrada dos jornalistas muito tempo após a operação para verem os danos causados pelos estudantes ao patrimônio público?

Por que não se encontraram depredações no prédio da administração da FFLCH ocupado anteriormente e desocupado pelos alunos sem a polícia?

Por que do espetáculo belicoso para a imprensa, a posta junto com a chegada da polícia às 5 horas da manhã?

Por que a polícia não foi capaz de conter o lamentável assassinato do estudante da FEA, uma vez que o convênio já estava em vigor?

Por que fechar o câmpus apenas aos estudantes e não abrí-lo à comunidade?

 

É por esses e inúmeros outros porquês que devemos questionar qual o real papel e intuito da polícia no câmpus.

 

Se lutar por uma Causa, que é não só da classe estudantil, mas sim de toda a sociedade, por ser uma instituição pública, é considerado baderna de desocupados, então que continuemos nos ocupando do comodismo de não pensar, nos limitando a aceitar como verdade aquilo que nos impõem, mas que também permaneçamos indiferentes e não nos levantemos perante aos elevados impostos, a falta de leitos em hospitais, de vagas em escolas, de melhorias no transporte público e etc.

 

A violência se faz presente em tudo isso. Aceitamos sermos cotidianamente violentados, ainda que não fisicamente, em nossos direitos e talvez já estejamos acostumados com o discurso sensacionalista de programas policiais da tarde que “põem na tela” aquilo que o Ser Humano tem de pior.

 

 

Questione, conteste…  PENSE!!!

 

autor: Sarkis Ampar Sarkissian
fonte

Os coturnos do Senhor Reitor

Dignas dos tempos do coronel Erasmo Dias, foram as lamentáveis cenas exibidas nos telejornais de ontem, quando 70 estudantes que ocupavam a reitoria da USP foram desalojados por um contingente de 400 policiais, incluíndo tropa de choque e cavalaria, e mais o apoio de um helicóptero. As cenas fortes nos fazem lembrar de operações da PM no interior de presídios, quando os presos, enfileirados e sentados, esperam pela revista nas celas.

Os alunos estavam acampados no prédio da reitoria em protesto pela decisão do reitor João Grandino Rodas em firmar um “convênio” que prevê o aumento da presença de policiais militares no campus do Butantã, afim de reprimir assaltos, estupros e mesmo assassinatos que vem sendo cometidos alí.

Para quem não está familiarizado com as práticas do reitor Rodas, pode-se imaginar que o “convênio” com a PM seja uma medida legítima de alguém realmente preocupado com a segurança dos USPianos. Na verdade, a polícia nunca deixou de estar presente no campus quando crimes foram cometidos. O tal “convênio” parece estar mais relacionado com o fetiche pela repressão que o magnífico reitor vem demonstrando ao longo do tempo, por exemplo, quando autorizou o uso da tropa de choque por pelo menos duas vezes (2007 e 2009) contra militantes de movimentos sociais e estudantes.

Os recentes incidentes começaram depois que PMs prenderam jovens fumando maconha no campus. Em protesto, estudantes ocuparam as dependências da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e, posteriormente, a reitoria. As palavras “maconha” e “maconheiro” foram as pedras de toque de conservadores que utilizam o notório argumento da repressão ao uso de drogas para justificar a militarização de um espaço universitário. Foram termos empregados tanto por moralistas da direita quanto da “esquerda”, antes, durante e depois da ocupação, ad nauseam, como uma espécie de cortina de fumaça, desviando a atenção e mesmo impedindo qualquer possibilidade de um debate pertinente.

Some-se a isso o papel da imprensa, notadamente as emissoras de TV e jornais, que não economizaram na adjetivação dos manifestantes, que frequentemente eram chamados de “baderneiros” e “invasores”, expressões também utilizadas pela mídia com referência ao Movimento dos Sem-Terra.

Esse apreço pelas forças policiais, no entanto, não coloca o reitor Rodas como defensor da lei. O Ministério Público de São Paulo abriu esse ano investigação para apurar, entre outras coisas, improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos cometidas durante a gestão de Rodas que, curiosamente, já foi diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Vale lembrar que a PM que Rodas deseja impôr a comunidade universitária, sob o argumento da segurança no campus, é a mesma que dispara balas de borracha e gás lacrimogêneo contra estudantes que lutam pelo passe livre nos ônibus. Sem esquecer também da longa lista de violações de direitos humanos, como o massacre no antigo presidio do Carandiru em 1992 e a matança promovida durante os ataques do PCC em 2006, do envolvimento de policiais em grupos de extermínio, tráfico de drogas e armas, cotidianamente divulgado pela imprensa.

Dado o histórico autoritário do atual reitor da USP, não é dificil perceber que o real interesse de Rodas está longe de ser a segurança no campus e sim a instalação de um aparato de repressão para não só impor as políticas do governador Geraldo Alckmin, como também reprimir movimentos sociais, nesse caso em particular, a organização de estudantes, professores e funcionários da universidade.

Cabe as diversas correntes do movimento estudantil deixar de lado as diferenças no presente momento, e unir forças para defender a autonomia universitária na USP contra o modelo feudal imposto por Rodas. É isso o que realmente está em jogo. Nem mais, nem menos.

Autor: Carlos Latuff
Fonte: http://www.dceusp.org.br/2011/11/os-coturnos-do-senhor-reitor-por-carlos-latuff/

Relatório da Secretaria de Direitos Humanos confirma: Reitor da USP votou contra vítimas da ditadura

A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República lançou em agosto de 2007 o livro-relatório Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Assinam a apresentação Paulo Vannuchi e Marco Antônio Rodrigues Barbosa, na época, ministro da Secretaria de Direitos Humanos e presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), respectivamente. Lá, afirmam:

“A violência, que ainda hoje assusta o País como ameaça ao impulso de crescimento e de inclusão social em curso deita raízes em nosso passado escravista e paga tributo às duas ditaduras do século 20. Jogar luz no período de sombras e abrir todas as informações sobre violações de Direitos Humanos ocorridas no último ciclo ditatorial são imperativos urgentes de uma nação que reivindica, com legitimidade, novo status no cenário internacional e nos mecanismos dirigentes da ONU”.

O livro é o resultado do trabalho desenvolvido ao longo de 11 anos (janeiro de 1996 a dezembro de 2006) pela CEMDP, que foi criada para três tarefas: reconhecer formalmente caso por caso, aprovar a reparação indenizatória e buscar a localização dos restos mortais que nunca foram entregues para sepultamento.

Instituída por lei, era composta de sete integrantes: um deputado da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, uma pessoa ligada às vítimas da ditadura, um representante das Forças Armadas, um membro do Ministério Público Federal e três pessoas livremente escolhidas pelo presidente da República.

Entre as pessoas escolhidas pelo então presidente Fernando Henrique, o jurista João Grandino Rodas, atual reitor da Universidade de São Paulo (USP). Ele integrou a CEMDP desde a sua criação, em dezembro de 1995, a dezembro de 2002, representando o Ministério das Relações Exteriores.

“O mesmo Rodas que permitiu a ação truculenta da PM no campus da USP há uma semana [8 de novembro] deu uma mãozinha para os carrascos das vítimas da ditadura de 1964 a 1985”, observa Carlos Lungarzo, membro da Anistia Internacional. “Na CEMDP, ele votou contra a culpabilidade do Estado pela morte e desaparecimento de vários presos políticos.”

Essa informação levou esta repórter a pesquisar os votos de João Grandino Rodas no livro-relatório Direito à Memória e à Verdade. E, de fato, dos pedidos em que ele foi desfavorável, pelo menos 11 acabaram sendo deferidos pela CEMDP. Nesses casos, curiosamente, Rodas votou como o general Oswaldo Pereira Gomes, representante das Forças Armadas, e/ou promotor Paulo Gustavo Gonet Branco, representante do Ministério Público Federal.”

por Conceição Lemes
Texto na íntegra:

Relatório da Secretaria de Direitos Humanos confirma: Reitor da USP votou contra vítimas da ditadura

Histórico do Rodas

– Esteve ligado à apuração da morte de alguns militantes de esquerda, dentre eles a estilista Zuzu Angel;

– Na Faculdade de Direito, Rodas foi primeiro a utilizar o aparato policial, quando requisitou 120 homens da Polícia Militar e tropa de choque para a expulsão de manifestantes na Jornada em Defesa da Educação;
– Lavrou o documento que viabilizava a entrada da PM no campus da USP, em 2009;
– Tentou, sem sucesso, a implementação de catracas para impedir o acesso de gente “estranha” ao prédio da instituição;
– Assinou a transferência do acervo da biblioteca para um prédio próximo à Faculdade, o qual não possuía perícia para tanto e apresentava problemas com a parte elétrica, hidráulica e inclusive com os elevadores. Tudo isso sem consultar o corpo burocrático da Faculdade;
– Foi escolhido reitor da USP, apesar de seu nome ser o segundo colocado numa lista de três indicações. Ou seja, Rodas não foi eleito pela comunidade acadêmica;

– Em sua gestão, utilizou em dispositivos instituídos no período militar para processar estudantes;

– Assinou um convênio com a Polícia Militar para que esta pudesse entrar na Universidade. Recebeu o título de persona non grata por unanimidade na Faculdade de Direito, que apresenta uma série de denúncias contra a gestão do ex-diretor, acusando-o de improbidade administrativa, entre outros crimes;

– É atualmente investigado pelo Ministério Público de São Paulo por haver contratado sem concurso público dois funcionários ligados ao gabinete da Reitoria, sendo um deles filho da ex-reitora Suely Vilela;
– Acusado de mau uso do dinheiro público;
– Recebeu a medalha de Mérito Marechal Castello Branco, concedido pela Associação Campineira de Oficiais da Reserva do Exército (R/2) do NPOR do 28° BIB. O Marechal que dá nome à honraria, não custa lembrar, foi o primeiro presidente do Estado de Exceção vivido no país a partir de 1964.

A face autoritária do reitor da USP

Por Ana Paula Salviatti

Ao resgatarmos a Memória da ditadura militar brasileira (1964-1985) encontramos no meio da história o nome do atual reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas. Entre 1995 e 2002, Rodas integrou a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e esteve diretamente ligado à apuração da morte de alguns militantes de esquerda, dentre eles a estilista Zuzu Angel, caso em que os militares foram inocentados.

João Grandino Rodas

Enquanto diretor da Faculdade de Direito, Rodas foi primeiro administrador do Largo São Francisco a utilizar o aparato policial, ao requisitar, ainda na madrugada do dia 22 de agosto de 2007, a entrada de 120 homens da Polícia Militar, inclusive da tropa de choque, para a expulsão de manifestantes que participavam da Jornada em Defesa da Educação, na qual estavam presentes representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de estudantes e membros de diretórios acadêmicos, os quais foram fichados e levados à delegacia, com um tratamento ofensivo em especial aos militantes dos movimentos populares.

Também foi Grandino Rodas que, ainda na gestão do governador José Serra (2006-2010), lavrou o documento que viabilizava a entrada da PM no campus da USP, em 2009. Durante sua administração na Faculdade de Direito, tentou sem sucesso a implementação de catracas para impedir o ac

esso de gente “estranha” ao prédio da instituição. Em seu último dia na direção da Faculdade de Direito, Rodas assinou a transferência do acervo da biblioteca para um prédio próximo à Faculdade, o qual não possuía perícia para tanto, apresentava problemas com a parte elétrica, hidráulica e inclusive com os elevadores. Tudo isso feito sem consultar sequer o corpo burocrático da Faculdade.

Ainda durante a gestão de José Serra, Grandino Rodas foi escolhido reitor da USP através de um decreto publicado no dia 13 de novembro de 2009. Seu nome era o segundo colocado numa lista de três indicações. Ou seja, Rodas não foi eleito pela comunidade acadêmica. A última vez que o governador do Estado impôs um reitor à Universidade — utilizando-se de um dispositivo legal criado no período militar e que está presente na legislação do Estado de São Paulo até hoje — foi durante a gestão do governador biônico Paulo Maluf, que indicou Miguel Reale para assumir a Reitoria da USP entre 1969 e 1973.

Na gestão de Rodas, estudantes têm sido processados administrativamente pela Universidade com base em dispositivos instituídos no período militar. Num dos processos, consta que uma aluna — cujo nome ficará em sigilo — agiu contra a moral e os bons costumes. Dispositivos como estes foram resgatados pela USP.

Rodas se prepara para assinar convênio com a Polícia Militar de São Paulo

Em setembro de 2011, João Grandino Rodas assinou um convênio com a Polícia Militar para que esta pudesse entrar na Universidade. O reitor também recebeu o título de persona non grata por unanimidade na Faculdade de Direito, que apresenta uma série de denúncias contra a gestão do ex-diretor, acusando-o de improbidade administrativa, entre outros crimes. Recentemente, um novo ocorrido, a princípio um incidente, podia ser visto no campus ao ser lido na placa do monumento que está sendo construído na Praça do Relógio uma referencia à “Revolução de 64”, forma como os setores militares e demais apoiadores do golpe militar se remetem à ditadura vivida no Brasil.

Rodas também é atualmente investigado pelo Ministério Público de São Paulo por haver contratado sem concurso público dois funcionários ligados ao gabinete da Reitoria, sendo um deles filho da ex-reitora Suely Vilela. Contra Rodas também pesam denúncias de mau uso do dinheiro público. E, por último mas não menos importante, Grandino recebeu a medalha de Mérito Marechal Castello Branco, concedido pela Associação Campineira de Oficiais da Reserva do Exército (R/2) do NPOR do 28° BIB. O Marechal que dá nome à honraria, não custa lembrar, foi o primeiro presidente do Estado de Exceção vivido no país a partir de 1964.

Todas estas informações foram lembradas. No entanto, muitas outras lotam o Estado em todas as suas instituições, todos os dias, graças ao processo de abertura democrática do país, que não cumpriu o seu papel de resgatar a Memória e produzir uma História que reconfigurasse e restabelecesse os acontecimentos do regime, possibilitando a rearticulação das inúmeras ramificações do Estado, como foi feito no Chile, Argentina e mais recentemente Uruguai. A consciência dos cidadãos passa pelo tribunal da História que, ao abrir as cicatrizes não fechadas, limpa as feridas ao falar sobre as mesmas dando a cada um o que é lhe de direito.

As diversas vozes que exclamam a apatia nacional frente às condutas políticas sofrem deste mesmo mal ao não relembrarem que a história do país conduzida por “cima” não expulsou de si seus fósseis, e sim os transferiu de cargo, realocou-os em outras funções. Os resgates da imprensa são limitados às Diretas Já e ao Impeachment de 1992. Se a memória que a mídia repõe é a mesma que se debate no cotidiano, então nosso país sofre de perda de memória e , junto disso, de uma profunda inaptidão crítica de suas experiências, dando assim todo o respaldo ao comumente infundado senso comum.

Ao levantarmos o passado, constata-se que o anacronismo não está só nas inúmeras manifestações que acontecem no meio universitário, no caso a USP, mas em todas as vezes em que não são cobertas pelo noticiário as inúmeras reintegrações de posse feitas em comunidades carentes, nas manifestações que exigem a reforma agrária, nas reivindicações que exigem moradia aos sem-teto. O anacronismo está presente nas inúmeras invasões sem mandado judicial que ocorrem em todos os lugares onde a classe média não está, no uso comum de tortura pelas Polícias Militares em um Estado que se reivindica democrático, nos criminalizados por serem pobres e negros, naqueles que são executados como Auto de Resistência pelas Polícias Militares, e a lista segue. Vive-se a modernização do atraso nas mais diversas formas e matizes.

O tempo se abre novamente e aguarda o resgate da Memória e a reconstrução da História. O país tem uma dívida a ser paga com seu passado, e eis que, finalmente, a Comissão da Verdade vazia de sentido ao ser apresentada pelos inábeis veículos de informação ressurge agora preenchida e repleta de sentido. Afinal, a História dos vencedores nega o passado dos vencidos, assim como seu presente e, consequentemente, seu futuro.

O que ninguém sabe ou o que ninguém quer saber – USP

Por Luiza Fonseca de Souza

Os estudantes que ocuparam a reitoria da USP passaram da conta? Sim. Eles decidiram a ocupação numa votação manipulada, que já foi explicado neste blog, que inclusive contém a carta dos estudantes contra a ocupação ilegítima, mas 400 policiais com helicóptero, cavalaria, choque e GOE pra retirá-los dali? Faça-me o favor. “Polícia para quem precisa”. E a entrada no Condomínio Residencial da USP, o CRUSP, com direito a agressão aos moradores, que acordaram em meio a confusão?!

Mas o pior de tudo, é que já era esperado de um reitor com um histórico como o de João Grandino Rodas. Depois as pessoas se perguntam porque alguns coquetéis molotovs foram achados na reitoria. Se ninguém os protege, eles mesmos tem que fazer.

“O que ninguém diz: João Grandino Rodas, investigado por corrupção pelo Ministério Público, entrou para a História por ser o primeiro reitor escolhido pelo governador (Serra) à revelia dos fóruns da USP desde Paulo Maluf na Ditadura. Rodas, que estava ao lado da ditadura (no caso Zuzu Angel e outros casos), foi o primeiro reitor a autorizar a ocupação militar da USP desde a redemocratização do país. Isso sem falar que o Estatuto da USP é da década de 70 e não foi reformulado depois da Constituição Cidadã.”

Após esse pequeno e sucinto, porém significativo, texto veiculado no Facebook por amigos da autora, Mari Sucupira, assistam esse vídeo e confiram a truculência da Polícia Militar contra o estudante e morador do CRUSP pedindo e tentando entrar no seu apartamento. Muito triste uma instituição que deveria proteger o cidadão impedindo-o de entrar em sua moradia. E mais ainda a sociedade aplaudindo todo esse caos.

USP: Um Desabafo

Por Igor Machado de Azevedo Bossonaro

Aviso: Esse artigo possui 6 páginas. Se você achar longo demais não se preocupe, certamente a VEJA ou a GLOBO poderão te dar um resuminho que você será capaz de processar em 3 minutinhos, antes de assistir o Big Brother. Obrigado por nos visitar.

“Cinco da manhã. Você mora no CRUSP, mas não é afiliado a partido nenhum. Sempre foi apenas estudar, diz que se sente orgulhoso pela coroação do seu próprio esforço em conseguir passar na USP, e por isso mesmo sempre foi contra qualquer paralização – a Universidade é para estudar, não é para discutir política. Você estuda Literatura, então te interessa discutir o texto crítico que fala da obra literária que fala de política. Essa é sua carreira. Então começa a respirar mal, dormindo, porque tem gás lacrimogênio entrando pela sua janela. Tenta sair, mas tem luz de helicoptero na sua cara. Ouve bala de borracha de madrugada, e criança chorando, vê de relance cavalos e fuzis de verdade, gente algemada, gente gritando. Chega mais perto no meio da fumaça, para ver o que é. Sente a força nas costas, cai no chão. É algemado. Entenderam tudo errado. Você não queria ajudar ninguém…”
-Yuri Bossonaro.

Esse artigo tem como objetivo lançar uma luz sobre os eventos lamentáveis do dia 08/11, ultima terça, quando a ocupação da reitoria na USP se tornou uma zona de guerra com mais de 400 policiais da tropa de choque, 3 helicópteros, policia montada, fuzis, gás lacrimogêneo e bala de borracha. 72 estudantes e funcionários da USP foram detidos. Dezenas de outros, como o coitado do texto acima, apanharam por estar no lugar errado na hora errada.
A despeito de minha raiva instantânea por tudo o que aconteceu, o pior veio depois, ao me deparar com a hedionda complacência e quase admiração com que amigos, familiares e tantos outros aplaudiram as ações da PM, como se estivéssemos falando da ocupação de um morro tomado por traficantes e não da invasão de uma reitoria repleta de alunos, estudantes…
Talvez isso se deva ao fato de que grande parte dessas pessoas não tenha a menor idéia de quem seja João Grandino Rodas, o reitor da USP e responsável pelo “massacre” da ultima terça, e também não tenha a menor idéia do que os alunos realmente reivindicavam. Prefiro tentar manter algum otimismo ou esperança na minha espécie.
Decidi perfurar o “lobby” da grande midia uma vez mais e fornecer algumas informações. O que cada um fará com elas, ou se elas serão capazes de mudar a cabeça de alguém, ja nao posso dizer. Só não posso me calar.
Antes de falar sobre o ocorrido da ultima terça, acho interessante um breve esclarecimento sobre os 3 principais elementos da tragédia: Os estudantes da FFLCH, João Grandino Rodas e a Policia Militar Brasileira.

Sobre os estudantes:
Segundo ranking internacional feito pela Top Universities, nove cursos da USP figuram entre os 200 melhores do mundo. Dentre esses, seis são da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas: Filosofia, Sociologia, História, Lingüística, Ciências Políticas e Geografia.

Posto que esse índice mede o resultado do aprendizado do aluno, é interessante citá-lo para mostrar como aqueles barbudos subversivos que nossa mídia marrom tem pintado como um “bando de baderneiros sem causa” são na verdade as maiores mentes de nosso país, pelo menos sob o aspecto acadêmico.
Pode-se alegar que os responsáveis pela ocupação na reitoria não representam a vontade de todos os alunos da FFLCH, isso é fato. Mas se existem divergências quanto aos meios adotados pelos ocupantes e os demais alunos, o mesmo não se aplica aos fins. Que fins são esses? Voltaremos nisso em breve.

Sobre João Grandino Rodas:
Reitor da USP, colocado lá por José Serra em 2009, Grandino Rodas participa do corpo docente da universidade a muito mais tempo, possuindo um histórico bastante questionável de relacionamento com militares durante o período da ditadura. Possui um processo investigativo de desvio/uso indevido de milhões de verba publica na universidade.
Rodas também está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção pelo envolvimento em escândalos como nomeação a cargos públicos sem concurso (inclusive do filho de Suely Vilela, reitora anterior a Rodas), criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto sem previsão orçamentária e autorização legal, e outros.
É considerado o reitor mais ausente da história da universidade, jamais se colocando a disposição tanto dos alunos quanto do próprio corpo docente, sendo inclusive o primeiro reitor da história a ser considerado “persona non grata” pela Congregação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em represália a constantes ataques contra seu atual diretor.
Desde muito antes dos recentes episódios que colocaram em cheque a segurança da universidade, como o assassinato do aluno no estacionamento, já possui um histórico extremamente próximo com a Policia Militar. Em 22 de agosto de 2007, na época diretor da Faculdade de Direito, foi responsável pela entrada da tropa de choque na Faculdade, expulsando manifestantes da UNE e do MST, estudantes e membros do diretório acadêmico que haviam ocupado o prédio como parte das manifestações da Jornada da Defesa da Educação.
Em janeiro de 2011 foi responsável pela demissão em massa de 270 funcionários, por corte de verbas – a despeito dos imensos desvios e má aplicação do orçamento. Esse fato e diversas outras denuncias lhe renderam um convite para prestar esclarecimentos na Assembléia Legislativa de São Paulo (24 de março de 2011), mas ele não compareceu. Ele também não compareceu a dezenas de outras reivindicações e assembléias convocadas pelos alunos e professores ao longo de seu mandato. O que se fala é que é mais eficiente reclamar para Deus do que para João Grandino Rodas, no que concerne qualquer problema, duvida ou questionamento a respeito do que se passa na USP.

Sobre a Polícia Militar
Considerada uma das policias mais violentas do mundo, é um órgão que durante as décadas de ditadura foi usado como maquina de repressão do estado sobre a população. Foi NO MÍNIMO indiretamente responsável ou NO MÍNIMO complascente com o desaparecimento e assassinato de pelo menos 475 pessoas, segundo o livro “Direito a memória e à verdade”, publicado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos na ultima década.
Durante o período da ditadura a Policia Militar e a USP tiveram um relacionamento particularmente tenso, já que os principais movimentos de combate à ditadura no Brasil nasceram na universidade. Uma parcela considerável de nossos desaparecidos políticos daquele período eram alunos ou professores.
É uma policia subordinada aos governos dos estados e não às prefeituras, um modelo bastante raro no mundo. É apenas uma das muitas alternativas para assegurar a segurança pública, como a Policia Civil ou a Guarda Civil da USP, que deixou de receber treinamento e investimento por decisão do próprio Grandino.
Protagonizaram diversos eventos recentes de abuso de violência e repressão a artistas de rua, passeatas pacíficas ou movimentos como o Acampa Sampa.
O então delegado da Policia Militar (e hoje deputado estadual) Hélio Luz deu um chocante depoimento no documentário “Noticias de uma Guerra Particular” onde ele é bem categórico em dizer que “a polícia faz o papel de ‘proteção da elite’ e só pode usar a repressão para controlar dois milhões de pessoas nas favelas”. Ele admite que a polícia é uma instituição corrupta e afirma que “nós garantimos uma sociedade injusta”.

Apresentados os personagens da tragédia, vamos aos fatos.
A despeito da crença popular de que o fato que desencadeou na invasão da reitoria e subseqüente violência da ultima terça tenha sido a prisão de 3 estudantes por estar fumando maconha no campus, os problemas do movimento estudantil que resultaram na ocupação da reitoria datam de muito antes.
A USP carece de planejamento urbanístico que favoreça a segurança, carece de iluminação apropriada e desde que Grandino Rodas assumiu a Guarda Universitária – real responsável pela segurança da autarquia (significa pela constituição que possui direito à autonomia administrativa) que é a USP – tem sofrido constantes cortes orçamentários, cortes em treinamento, equipamento, etc.
Isso já é pauta de discussão entre os diversos membros do movimento estudantil faz anos. Grandino Rodas não apenas ignorou durante anos os apelos do movimento, como adotou algumas outras medidas “excelentes” para a segurança da faculdade, como proibir a circulação de não-alunos nas dependências da Universidade.
Obviamente essa proibição vale apenas para as pessoas que como eu ou você, usam a portaria da USP, mas não para os trombadinhas ou traficantes que pulam os muros ou se embrenham pelas matas que cercam o campus. A USP já era um local ermo, se tornou um lugar ainda mais vazio. Sem iluminação e sem investimento algum em segurança, se tornou realmente terra de ninguém.
O que poucos enxergam é que isso foi deliberadamente provocado por Rodas ao longo de anos, sob constantes protestos e reclamações do corpo estudantil, para criar uma situação que JUSTIFICASSE a presença da PM na universidade.
As reivindicações dos alunos que invadiram a reitoria e foram arrancados de lá na porrada essa semana não eram “poder fumar maconha no campus”. O que eles queriam era o que já estavam pedindo a anos: Investimento real na segurança da Universidade, mas não abrindo as portas para a PM e fechando para a população (o que Rodas fez).
Grande parte do movimento estudantil da USP era contrário à ocupação do prédio da reitoria, mas são TOTALMENTE solidários às reivindicações listadas acima. Prova disso é a adesão de mais de 3000 alunos na assembléia realizada no dia 08/11, onde se decidiu pela greve.
Todas as decisões de Rodas nos últimos anos confluem para um único fim: Coibir a autonomia administrativa da universidade. Implodir sua estrutura de forma a justificar uma presença cada vez mais constante do estado, um movimento para a privatização das universidades e sua subseqüente subordinação ao segundo setor.

A palavra “Democracia” é derivada do grego “demo” (povo) e “cracia” (poder ou governo). Em um mundo onde nossa “democracia” tem se tornado uma ditadura subliminar, em que o estado se coloca sobre o povo e as empresas e corporações se colocam sobre o estado, a USP (berço intelectual, historicamente responsável pelo nascimento da maioria das revoluções que nosso país conheceu) possuir autonomia administrativa é uma imensa ameaça e um incomodo a ser extirpado.
E usando os bons e velhos artifícios de MEDO para convencer a população de que é preferível abrir mão da própria liberdade para ter segurança (11/09 e o ato patriótico nos EUA, só pra dar um exemplo bem recente) os grandes veículos de mídia, subordinados ao estado e às grandes empresas, estão conseguindo virar a opinião pública contra aqueles que lutam pela nossa liberdade.

Agora está feito. Você pode ter lido (talvez pela primeira vez) os motivos REAIS da ocupação no prédio da reitoria, pode ter ouvido um outro ponto de vista, e continuar achando tudo isso sem significado, continuar achando a causa vazia. Tudo bem.
Não acho que toda a população precise concordar com os motivos de um protesto ou de outro. Como me disseram ontem e eu concordo, “democracia também é divergência de opiniões”. A única coisa que espero da população é que não concorde com a violência que rolou. O cassetete que usaram é um só, pra bater na cabeça deles ontem e na minha (e na sua) amanhã.
Há um direito que antecede o direito codificado, o direito natural. Um código inerente à humanidade presente em todo ser humano, que faz a morte ser crime em quase todo canto, ou acende a luz dentro da maioria, criando desconforto ao saber do apenamento com a morte. Estrahamente esse mesmo código não indica à maioria que, NUNCA, meninos ou homens podem ser espancados, mesmo após condenação. Simplesmente não consigo entender o sangue nos olhos, quase em júbilo, com que algumas pessoas defenderam a violencia que foi perpretada na USP ontem. Me faz me perguntar se estamos perdendo nossa humanidade. Nós evoluimos alguma coisa desde que ficavamos em arquibancadas do coliseu babando enquanto gladiadores eram decapitados ?
Sei que toda generalização é burra, que não existe apenas um tipo A e um tipo B de pessoa, e também não gosto de ficar citando rede social de internet em meus textos, acaba zicando um pouco o ar de “atemporalidade” que eu gosto de dar para eles. Mas é impressionante como todas as pessoas que ontem de manha, no Facebook, estavam defendendo a invasão violenta da PM na reitoria, que estavam chamando os estudantes de “maconheiros sem causa”, de noite já estavam falando sobre a novela, o jogo de futebol, postando foto do brigadeiro que fizeram no microondas. E aqueles que se horrorizaram com o que aconteceu, que replicaram os manifestos dos estudantes, as fotos da violencia, de noite continuavam trocando textos, informações, se indignando. E hoje continuaram fazendo o mesmo…
E esse primeiro “tipo A” hipotético (a do futebol ou da novela) também é o mesmo tipo de pessoa que costumava usar os jargões “Dilma terrorista” ou “Bolsa-Esmola”, entre outros. É nosso brasileiro burguês médio, que só gosta de discutir politica na medida necessária para não fazer feio nas conversas de escritório, mas no fundo não está realmente interessado em nada e prefere viver como escravo – fingindo que é livre por poder trocar o Iphone todo ano – do que enxergar a verdade desconfortável.
É o cara que se tivesse vivido em 70 e poucos no Brasil, chamaria o guerrilheiro que lutava contra a ditadura de “ladrão” ou “terrorista”, e que acharia que é OK um estudante ou professor sumir ou tomar um tiro numa ruela por aí, afinal eles estavam “pedindo por isso mesmo”.
Todo mundo quer que as coisas fiquem bem, sem ter que limpar a sujeira depois. É patético o argumento de que “nao queremos pagar a conta” de meia de duzia de móveis quebrados na reitoria, enquanto Rodas esta sendo investigado por desvios de MILHÕES ! A desinformação do povo me dói o estomago …..
Como diria o ditado popular, “as vezes é necessário quebrar alguns ovos para fazer uma omelete”. Mas o burgues brasileiro médio é do tipo que come em restaurantes, ele nao sabe quebrar ovos nem fazer omelete.
Uma vez mais, cabe aos “barbudos que moram de aluguel” oferecer a outra face (e infelizmente as vezes uma cadeira ou um tomate) para o cassetete e o escudo da tropa de choque, na luta para construir as mudanças das quais um dia todos esperamos usufruir …
Mais de 3 mil estudantes se reuniram, em greve, não só os “barbudos maconheiros inuteis” mas também seus futuros advogados e médicos, dispostos a discutir o que aconteceu e por um fim no terror que se instituiu na USP. Mas todos eles devem ser mesmo apenas um bando de desocupados lutando por seu direito de fumar maconha livremente e estar acima da lei …

Encerro meu texto com um pedido simples e direto: Ninguém é obrigado a ter uma opinião sobre esse assunto (ainda que eu ache estranho que isso nao ocorra naturalmente). Ninguém é obrigado a concordar com isso tudo, aliás falei com muita gente razoável e inteligente que continua sendo contra a ocupação e não tenho problema algum com isso. Ninguém é obrigado a ter uma causa, em primeiro lugar. Conheço pessoas incríveis que preferem fazer milhares de coisas em vez de se aborrecer com política e respeito isso totalmente. São as pessoas tipo C, D, E, F, G, etc desse mundo. Diversidade é essencial em qualquer sociedade saudável.
Mas, às pessoas que ficaram lotando meu facebook, caixa de e-mail ou meus ouvidos mesmo, com argumentos parcos sobre “maconheiros vagabundos” e sobre como a policia “tem mais é que descer o cacete”. A essas pessoas eu mando um recado.
Todo mundo que quiser opinar sobre o assunto com essa intensidade – nem que seja para condenar os estudantes e defender Rodas e a PM – tem que se informar o mínimo primeiro.
Toda discordância, todo questionamento, será benvindo e acrescenta na discussão. Isso é democracia. Mas falar sem pensar não acrescenta. É só produzir barulho.
Melhor voltar pro Big Brother.
Se não for ajudar, pelo menos não atrapalhe.

NOTA POSTERIOR À PUBLICAÇÃO DESSE ARTIGO – Hoje, dia 11/11, o Estado de São Paulo anunciou a decisão da PM em construir sua primeira unidade DENTRO da Universidade de São Paulo. Já existe planejamento de local, construção, já existe projeto feito.
Mais do que nunca sou levado a acreditar que a prisão dos 3 estudantes fumando maconha na outra semana foi um ato deliberado feito com o objetivo de criar revolta nos estudantes e atrair a atenção da midia, garantindo a manipulação da opinião publica.
A PM tem circulado pela USP faz semanas, e a despeito do consumo de maconha la dentro realmente ocorrer com certa liberdade, nunca ninguém foi preso. De repente, uma semana antes de anunciarem a criação dessa unidade dentro do Campus, a policia resolveu prender alguém. Coincidência ?
Acho que não … E infelizmente os estudantes morderam a isca…

Conflitos na USP vão além da presença da polícia no campus

Por Mateus Prado

Os conflitos da Universidade de São Paulo (USP) não têm sua origem na tentativa de prisão de alguns jovens que faziam uso de maconha no campus. A origem é anterior. A reação à prisão desses alunos e a forma como ela se deu foi mais uma faísca no barril de pólvora que está formado na universidade. Como pano de fundo estão várias concepções de universidade que convivem dentro da USP e a atrapalhada imposição, nunca vista antes na instituição, de um modelo pelo seu atual reitor.
É importante entendermos um pouco de como se formou a USP e de onde vem o espírito combativo e contestador de alguns de seus alunos, sobretudo dos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A USP foi criada na década de 30, como reação à derrota paulista na Revolução Constitucionalista. A FFLCH, antes FFLC, foi a condutora do projeto da USP. Entre os objetivos estava a formulação de um novo ideário político para o Brasil e a volta dos paulistas ao comando do governo federal.
Entre as estratégias estava a criação de um ambiente participativo, inovador, contestador, de interação entre pessoas e pensamentos, tudo em contraposição ao que foi a repressão à Revolução de 32, que queria uma Constituição para o País. Foi esse ambiente que atraiu e/ou forjou, por várias gerações, uma juventude contestadora e participativa para a FFLCH.
A eleição para reitor na USP não é das mais democráticas. Pouquíssimas pessoas da universidade têm o privilégio de poder votar no colégio eleitoral que indica uma lista tríplice para o governador do Estado. Não bastasse a falta de representatividade e legitimidade desse processo, o atual reitor foi nomeado mesmo sendo o segundo colocado de sua eleição. Isso só tinha acontecido no período militar. O que não era bom ficou pior.
Em sua administração, João Grandino Rodas se mostrou um verdadeiro trapalhão. Já acumulava problemas de sua antiga gestão, como diretor da Faculdade de Direito da USP. Como reitor, trabalhou pela diminuição de vagas na universidade, fez do vestibular um modelo ainda mais elitista que o anterior, comprou imóveis e vagas de estacionamento em condomínios de luxo. Rodas inaugurou uma verdadeira ‘caça às bruxas’ contra adversários de sua gestão, abrindo vários processos administrativos contra alunos e funcionários. Nomeou parentes de antigos adversários para cargos na universidade, mesmo sem eles terem toda a capacitação necessária para exercê-los. Em 2007 recebeu a medalha de mérito Marechal Castello Branco, que faz alusão ao primeiro presidente da ditadura militar. A Faculdade de Direito da USP concedeu-lhe o título inédito de ‘persona non grata’.

Por essas e outras ações de sua administração, Rodas tem enfrentado críticas e denúncias dentro e fora da universidade. O que, para quem está fora, fica no campo do debate de ideias, para quem está dentro da USP, sobretudo na FFLCH, é vivenciado dia após dia. A reação à presença da polícia no câmpus iria acontecer a qualquer momento e representa mais do que a discordância de alguns em relação ao policiamento. É a canalização de todas as insatisfações com uma administração que só prejudica a USP e a sociedade, sob todos os aspectos, mas principalmente sobe o aspecto de tentar deixar a universidade cada vez mais distante das populações mais pobres e carentes de intervenções públicas.
Se está certo que toda pessoa flagrada fumando maconha deve ser abordada pela polícia, também está errada a forma de abordagem. Os alunos da USP não têm nenhuma obrigação de aceitar a truculência e a desproporcionalidade com que foi tratado o caso pela polícia e pela reitoria. Assim como a sociedade também não pode aceitar, em qualquer outro lugar do País, que as instituições públicas privilegiem a violência em suas ações.

A reação, que em um bairro de periferia poderia ter como consequência uns tapas nos envolvidos ou até mesmo a morte de alguns deles, com nenhuma nota em sites e jornais, na USP criou um conflito que virou pauta de debate nacional. A reitoria deveria ter discutido um protocolo de procedimentos com a Polícia antes que ela ocupasse a USP. Assim como devemos ter um protocolo de procedimentos para as ações da polícia em todo o País.

O debate, pelo menos até agora, tem beneficiado, em muito, o reitor Grandino Rodas. Criou-se, involuntariamente, uma cortina de ferro. Ou talvez agora a administração USP tenha mesmo ficado transparente. Tão transparente que não vemos nada do que foi a gestão de Rodas e de quanto ele trabalhou para criar o conflito. A única coisa que é apontada pela maior parte da sociedade é um grupo de burguesinhos insatisfeitos por não poderem fumar maconha. Não deveria ser esse o debate. Mas, como em política o símbolo acaba sendo mais importante que o fato, confesso que, pelo menos até aqui, sinto que o reitor ganhou o debate na sociedade e conseguiu passar a impressão de que faz uma gestão voltada para os interesses da sociedade. O triste é que a verdade é que a gestão do reitor é predatória e suas consequências são milhares de vezes mais letais do que alguns móveis quebrados, paredes pichadas e portas arrombadas.

Escândalo na USP aperta cerco ao reitor polêmico

Artigo original

O Ministério Púbico de São Paulo abriu mega-investigação contra a Reitoria da USP, acusada de eventual “violação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, burla ao acesso de cargo mediante concurso público, lesão aos cofres públicos e improbidade administrativa”. O principal investigado é o advogado João Grandino Rodas, atual reitor da USP, e um dos braços-direitos de Geraldo Alckmin e José Serra. A investigação é tocada pelo promotor de Justiça Valter Foleto Santin, da Promotoria do Patrimônio Público e Social do Ministério Público Estadual. O caso, mantido em sigilo, leva o registro de “Inquérito Civil 088/2011”.

João Grandino Rodas, que antes de ser reitor era diretor da Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, a mais tradicional do país, é acusado de ter nomeado, como procuradores da USP um seu assessor político e o filho da reitora anterior, Suely Vilela –colocada como reitora a mando de José Serra. A dupla ocupa os cargos sem terem prestado concurso e em desacordo com o estatuto da maior universidade do país.

O inquérito civil instaurado pelo promotor Valter Foleto Santin atende a uma denúncia anônima. O principal foco, segundo o promotor, é “apurar nomeações, feitas pelo reitor Grandino Rodas, dos servidores Gustavo Ferraz de Campos Monaco e Carlos Alberto Vilela Sampaio, como Procuradores da USP, sem concurso púbico e sem o preenchimento de requisito de cinco anos de efetivo exercício de advocacia, além de eventual nomeação irregular para cargo de confiança do Procurador-Chefe da USP”.

Contra Rodas, o Ministério Público salienta que ainda investiga “criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto, sem previsão orçamentária e sem autorização legal, designações indevidas para os cargos criados, acumulações ilegais de funções de Diretor de Unidade e de Vice-Reitor para exercício em cidades distintas e longínquas”.

O Ministério Público alega que as nomeações do assessor político de Rodas e do filho da ex-reitora da USP teriam violado o princípio constitucional da impessoalidade, vez que Gustavo Ferraz de Campos Monaco seria apadrinhado político de Rodas e Carlos Alberto Vilela Sampaio circule na USP ostensivamente se apresentando como filho da ex-reitora.

João Grandino Rodas

O caso só veio a público porque em 10 de agosto passado a Associação dos Docentes da USP, a Adusp, recebeu comunicado do promotor que apura as denúncias, em que pede informações sobre o caso. O caso só chega a público em decorrência da publicidade dada pela Adusp.

Os dois investigados já remeteram à promotoria suas versões para tentar sustar as acusações. Gustavo Ferraz de Campos Monaco alega que é “indubitável” que ele disponha de mais de cinco anos de advocacia, como bacharel de direito em “funções privativas”. Ele anexou em sua defesa seu Currículum Lattes, exigido a todos os funcionários as USP. Confira.

Monaco também alega em sua defesa que seu cargo na USP se justifica porque “ em toda a administração pública existem alguns caros de Procurador de livre provimento, para funções de chefia, direção e assessoramento”.

Já Carlos Alberto Vilela Sampaio, filho da reitora que antecedeu João Grandino Rodas, cita em sua defesa a Súmula Vinculante 13, do Supremo Tribunal Federal, alegando que não é “parente consangüíneo nem por afinidade da autoridade nomeante (reitor), e tampouco é de servidor que exerça cargo de direção, chefia ou assessoramento, posto que a professora Suely Vilela (cujo exercício como reitora foi entre 2005e 2009) não exerça nenhum cargo de direção, chefia ou assessoramento desde o final de seu mandato reitoral até a presente data”. Em desacordo à recomendação dada pela USP a seus funcionários, Carlos Alberto Vilela Sampaio não dispõe de curriculum na Plataforma Lattes.